Cagimelo

Hoje de manhã eu me desfiz de um cesto de roupas sujas (sem roupas) que estava estacionado num canto sem uso por alguns bons anos. Também criei coragem e coloquei dentro a tampa do porta-malas do meu carro que também estava sempre jogada em algum canto (ultimamente estava sendo usada pelos gatos para afiar as unhas). Coloquei dentro também alguns papéis e desenhos de exercício da época da faculdade. Nada disso vai me fazer falta. Desenhos, tampa de porta-malas, cesto Eu até pensei em fazer o desafio minimalista no início do ano, mas não consegui concretizar o início. Deixei meio de lado e me ocupei com outras coisas. Agora estou tentando deixar minha vida minimamente mais agradável. Estou ainda em depressão e me manter me movimento constante me afasta de pensar demais e consequentemente ficar pensando besteiras e ir deteriorando o pouco de energia que ainda tenho. Nunca me imaginei fazendo esse tipo de coisa. Ficar preocupado com a saúde mental e o bem-estar. Ainda estou bem confuso so

Eu era criança e era a primeira vez que eu iria tomar banho sozinho. Eu estava na casa dos meus avós paternos. Minha tia abriu o registro do chuveiro e me deixou no banheiro sozinho. Tomei meu banho sem problemas. Avisei a ela que tinha acabado e ela me levou para o quarto para me secar. Ela disse para eu subir em cima da cama. Eu subi e fiquei de frente para um largo espelho que havia na parede. Atrás de mim tinha uma janela que dava para um pequeno quintal da casa onde tinha uma árvore pequena. A janela era de vidro ondulado e estava totalmente fechada. Não tinha muita luz que vinha da janela, exceto uma fria luz vermelha que saía de dois olhos puxados no meio de toda aquela escuridão. Olhos de fogo! Quando eu vi aquilo eu fiquei meio paralisado de medo e custei a dizer as palavras: tá vendo aquilo, Tia? Ela me secando com a toalha parece que nem fez questão, ou então presumi que ela também tinha visto e estava se borrando de medo igual a mim. Ela me colocou uma roupa e eu fui pra sa

 Já se sentiu cansado de tudo e de todos ao mesmo tempo? É mais ou menos assim que eu me sinto nos últimos dias. Acho que estive andando em círculos nos últimos quinze anos. Agora estou aqui usando uma focinheira branca e desinfetando as mãos regularmente (ou não). Estamos perdendo o espaço físico, estamos perdendo espaço nas mídias eletrônicas. E eu acho que perdi espaço dentro de mim mesmo. Cópia que fiz de um artista que não lembro (se souber de quem é o original, me fale, por favor) Acho que o ser humano está sendo transformado em uma commodity. Só acho. Não tenho certeza de nada. Nada do que eu diga aqui é para ser levado a sério. A única certeza que tenho é que estou cansado e que todos nós iremos morrer um dia. E não adianta vir com o papo de transplante de consciência. Se isso um dia acontecer, não será eu e nem você que irá driblar a morte assim. Será um puxadinho existencial alugado para um inquilino qualquer. Andando em círculos e me desgastando. Sem quase nenhuma esperança.